Quando o assunto é educação financeira, o Brasil ainda tem muito para avançar. No último relatório do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), que mede a competência financeira de 20 países, os brasileiros ficaram na 17º colocação.
É nesse cenário que a história da Multiplicando Sonhos, associação que leva educação financeira a jovens de escolas públicas, começa. Evandro Mello, o fundador, era um jovem curioso. Para ele, sempre foi instigante perceber o interesse e as dúvidas dos adultos em temas como a alta e a queda da bolsa, por exemplo. E foi assim, com esse anseio, que a área financeira surgiu em sua vida.
“No ensino médio eu já sabia o que eu queria cursar e onde eu queria estudar, comecei a trabalhar com 16 anos em uma transportadora e ali fui aprendendo como lidar com as finanças”, explica Evandro.
Sempre determinado, estudava 6 dias por semana, 7 horas por dia, para conseguir a tão sonhada vaga em administração na universidade. Além disso, conciliava o tempo de estudo com o trabalho.
“Eu guardava 60% do que ganhava para entrar na universidade. Passei e percebi que muitos jovens de escolas públicas, assim como eu, se preparavam academicamente, mas não financeiramente”, comenta.
Como mudar a realidade?
Para Evandro, os jovens não tinham esse preparo financeiro. Os estudantes de escolas particulares podiam contar com um apoio familiar, porém essa realidade não era a mesma com os jovens de escolas públicas. A partir dessa percepção, a primeira semente da Multiplicando Sonhos foi plantada: por que não criar um projeto que auxiliasse esse público?
Como um bom empreendedor da vida real, Evandro vendia chinelos em sua universidade para complementar a renda. Comprava-os em uma distribuidora no Brás, no centro de São Paulo, a preço de custo, e os revendia.
“Eu já consegui vender 50 chinelos em um dia. Com o dinheiro, eu tirava uma parte para repor o material e o restante eu mantinha pra me manter, almoçar, jantar ou comprar um lanche”, recorda. “Todo mundo deveria ser um pouco vendedor, assim você entende de fato o que o seu cliente quer”.
Com essa mentalidade, e depois de muitos chinelos vendidos, em 2017 Evandro reuniu 87 amigos do mercado financeiro. Juntos, criaram uma cultura organizacional e começaram a esboçar uma metodologia que atendesse às necessidades de jovens de escolas públicas.
Assim como os clientes têm preferência por modelos e cores de chinelos diferentes, a educação financeira também deve ser apresentada de forma que mais atenda ao seu público, que fale a mesma língua e simule a vida real.
“Aproveitamos o ano de 2018 para rodar o país e conversar com as principais instituições. O nosso maior contato foi com os alunos, para entender o que eles imaginavam como educação financeira”.
Missão de vida: assim nasce a Multiplicando Sonhos
Depois de mais alguns chinelos e muitas “chineladas”, o projeto capacitou profissionais, chamados carinhosamente de multiplicadores, e formou o programa que consiste em 8 aulas e mais um módulo vivencial. A primeira escola atendida foi a Estadual Dom Pedro I, localizada em São Paulo, mesma instituição onde Evandro estudou. O projeto já impactou mais de 500 alunos indiretamente e 200 diretamente.
“Já que sonhar grande e sonhar pequeno dá o mesmo trabalho, nós da Multiplicando Sonhos sonhamos grande e estamos construindo o maior projeto de educação financeira que o Brasil já viu” – Evandro Mello.
A partir do segundo semestre de 2022, a Multiplicando Sonhos tem planos de começar a atingir também outras cidades e estados.
Até o momento, estão previstos cursos em escolas públicas de Curitiba, Rio de Janeiro (capital e baixada fluminense), Salvador, Salinas da Margarida (BA) e Taubaté (SP). A meta é alcançar todo o território nacional até 2030, levando planos de educação financeira que seguem as diretrizes dos ODS (Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável) da ONU.
Comemoração!
Este texto é especial para nós, pois marca dois eventos muito importantes: o lançamento do blog da Multiplicando Sonhos e o aniversário de 4 anos da instituição, que nasceu dia 08 de novembro de 2017!
Ao longo desse tempo, pudemos perceber na prática que a educação financeira transforma vidas e possibilita um futuro melhor para os cidadãos, com mais independência e oportunidades. Nosso propósito é fazer com que os jovens tomem decisões mais conscientes e assertivas em relação ao uso do dinheiro e possam alcançar seus sonhos, que são muitos.
Vamos juntos na missão de transformar vidas?
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Colaboração de Ana Marsiglia